Meu nickname em todos os jogos que jogo é Minako. Esse é o nome em japonês da Sailor Vênus, do anime Sailor Moon. Quando criança, sempre achei a Minako boba, por falar de amor o tempo todo e viver correndo pra lá e pra cá em busca de um namorado. Por ironia do destino, no decorrer de minha vida, acabei virando Minako .


Sou filho único e nunca fui de ter amigos. Sempre fui uma pessoa sozinha e a verdade é que eu nunca me incomodei em viver assim, só que ao mesmo tempo, eu sempre quis um amor, sempre fui romântico. Ao assistir filmes e séries e ler livros que traziam aquelas histórias arrebatadoras de amor, eu sempre pensava: quero viver isso.


Passei 21 anos da minha vida sem beijar alguém e quando beijei foi um garoto que eu era muito afim, mas que me tratou da pior forma possível. Eu ao mesmo tempo em que estava nervoso por não saber beijar, queria que ele sentisse algo por mim e pudéssemos ficar juntos. Eu ainda não entendia como o mundo gay funcionava, tudo era novo para mim. Ele levou minha mão para um lugar que eu não queria, eu tirei. Naquele momento meu coração partiu pela primeira vez. Mas na minha cabeça eu apaguei as memórias ruins e romantizei aquele primeiro encontro. Até escrevi um texto sobre isso e publiquei no blog, mas nunca apaguei, pois queria que o texto servisse de lição para eu não romantizar romances inexistentes.


Depois dele, vieram vários outros, coisas líquidas, passageiras, que a cada novo encontro fracassado iam diminuindo minha esperança de encontrar um amor de verdade. Por falta de esperança ou desespero, na primeira vez que um cara demonstrou um interesse sólido em mim, eu me agarrei a esse sentimento. Queria que ele fosse meu namorado só para eu saber como é ter um namorado e ele aceitou, mas mesmo eu tendo ficado feliz, eu sabia que ele não queria ser meu namorado. Não era para ser. A gente sabe, né? E foi isso mesmo. Mal começamos e terminamos, durou nem três meses. Somos amigos até hoje. Esse foi meu erro, quis transformar em namoro algo que nasceu só para ser uma amizade.


Após a tentativa falha de namoro vieram uma série de novos casos de uma noite só, beijos que nunca se encaixavam e um eu que quando o outro demonstrava um pouco mais de carinho, se "apaixonava", escrevia textos com palavras bonitas que eram apenas uma tentativa de acreditar que estava vivendo um romance lindo e com muito potencial. Não, eu não estava vivendo nada disso. E a verdade é que eu nunca me apaixonei de verdade por nenhum desses garotos. Eu não sabia o que era o amor. Mesmo tendo lido milhares de livros, ouvido pessoas à minha volta falando sobre esse sentimento, eu não entendia o que era o amor. Tudo que eu tinha eram desejos e ilusões.


Em junho de 2021, após uma nova desilusão e os sentimentos à flor da pele por conta da pandemia, o amor bateu à minha porta. Eu sabia que era ele no momento em que o vi. O mais engraçado é que eu lutei contra isso, sabe? Porque no fundo eu sabia que era ele, mas tinha medo de me entregar e ser como todos os outros e não passar do primeiro encontro, então fui frio com ele. Quase não acontecia. Quando contei isso para ele, no futuro, ele me contou que quase não respondeu minha última mensagem. Ainda bem que ele respondeu. Na terceira tentativa, a gente deu certo.


No meu aniversário em julho de 2021, no texto que recebi dele, ele falou que me amava. Eu chorei quando vi as três palavrinhas. Mas como eu era bobo e tinha medo, ignorei. Tinha medo de me entregar e não dá certo, porque no fundo, eu sentia que era você, e eu não queria desperdiçar minha única chance contigo. Então você, todo inseguro, veio se explicar sobre a mensagem, falar que entendia que era cedo e tudo bem se eu não sentisse o mesmo… Era óbvio que eu sentia o mesmo! Não resisti, me entreguei. 


Foram quase 2 anos juntos e posso afirmar que foram os melhores anos da minha vida. Cada dia, cada momento juntos, cada eu te amo que você me falou olhando nos meus olhos… Tudo valeu a pena. Eu finalmente pude descobrir o que é o amor e viver isso intensamente. Espero que todos vocês que estejam lendo isso possam viver o amor de verdade alguma vez na vida. É algo indescritível, sabe? Estou me esforçando para descrever, mas as palavras existentes não são suficientes para descrever o amor verdadeiro.


O que é mais engraçado é que eu sempre fui escritor, poeta, escrevia as coisas mais belas do mundo, mas sempre evitava escrever sobre Júlio. Nesse tempo todo só houve um texto publicado no blog sobre ele, logo ele que foi meu único amor. Na minha cabeça, se eu escrevesse tudo o que sentia e as pessoas vissem, a magia iria acabar. Eu preferia viver cada momento único e incrível com ele do que contar. E vivi. E foi lindo. Se eu pudesse voltar no tempo e viver cada momento novamente com ele, eu viveria e digo mais: colocaria tudo na menor velocidade possível, para nunca ter fim.


Não vou entrar em detalhes sobre o motivo do término, esse não é o intuito do texto. Mas o que posso dizer é que existe coisa pior do que terminar um relacionamento odiando o outro. Terminar um relacionamento quando os dois se amam é pior. Se nós nos amamos tanto, porque acabamos? E agora, o que fazemos com esse amor? Tem possibilidade da gente voltar? Essas perguntas ficaram rodando por minha cabeça quase todos os dias desde que terminamos. Por mais que seja completamente normal pensar em tudo isso, eu percebi que estava me fazendo mal. 



Então eu decidi deixar de pensar nisso e depois de uma conversa difícil com ele, resolvi eternizar tudo nesse texto. Sim, eu ainda acredito no nosso amor. Ainda acho que podemos continuar nossa história e sermos ainda mais felizes juntos. Uma parte de mim acredita que tudo isso que estamos passando agora servirá de aprendizado e amadurecimento, e quando nossos caminhos cruzarem novamente, teremos a maturidade necessária para fazer nosso amor durar para sempre.


Mas outra parte de mim, reconhece que viver todo santo dia alimentando essa ideia e esperando por esse retorno é tortura. Então eu decidi deixar tudo para trás. Lá no fundo, meu coração sempre vai bater mais forte por você, mas agora, no momento, eu preciso diminuir essa frequência e fazê-lo bater mais forte por mim mesmo. Eu preciso encontrar a cura, preciso cuidar de mim, preciso tapar esse vazio que esteve sempre presente em mim e que você ajudou a preencher. Preciso saber ficar bem sozinho, para quando você não estiver, e até quando você estiver. Por mais que um relacionamento seja construído por dois, os dois precisam ser completos sozinhos. É assim que funciona.


Eu aprendi que ninguém morre por amor. E também aprendi que o amor não morre, ele se reconstrói, evolui. Sempre vou te amar, isso é fato. Mas no momento eu preciso te amar como um amigo ama o outro. Vai ter momentos que será difícil, que vai ser estranho te ver e não poder te beijar e também imagino que será muito difícil te ver com outras pessoas. Mas amar de verdade é saber deixar o outro ir, é saber ser feliz por sua felicidade. Ainda que meu coração queira você de volta como namorado, se o destino não quiser nós dois juntos, vou ficar feliz por você e o caminho que você seguir, seja com quem for.


Então finalizo esse texto te agradecendo por ter me ensinado o que é o amor. Mesmo que naquela época a gente tivesse perdido, cada um com seus medos e inseguranças, fizemos o nosso melhor e nos doamos por inteiro um para o outro. Isso é muito lindo, sabe? Nosso amor é tão forte que a sensação que fica é de que a nossa ligação parece nunca ter fim. Parece algo de vidas passadas, como se fossemos a alma gêmea um do outro. E por mais que todo o meu corpo sinta e acredita que o destino vai dar um empurrãozinho para nos unir novamente, eu não vou mais alimentar essa esperança. Não é justo, nem saudável. O melhor que nós dois podemos fazer agora é ficar bem. E eu espero de coração que tudo fique bem.


Obrigado por tudo, Júlio.


Eu te amo.


Com amor,

Tony


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