Título: Fragmentados
Título Original: Unwind
Autor: Neal Shusterman
Ano: 2015
Páginas: 320
Editora: Novo Conceito
Sinopse: Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria .
Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos, desde as mãos até o coração, é caçada por um mundo ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe.
O vencedor do Boston Globe-Horn Book Award, Neal Shusterman, desafia as ideias dos leitores sobre a vida: não apenas sobre onde ela começa e termina, mas sobre o que realmente significa estar vivo.
A Tamires, do blog Meu Epílogo, tava querendo ler Fragmentados e Desintegrados, mas só tinha o primeiro livro. Como não tinha lido o primeiro e vou receber o segundo, achei justo cedê-lo para ela, mas com uma condição: ela terá que resenhá-lo aqui no blog. Mas aí fiquei pensando... Só postar a resenha da continuação seria um tanto estranho! Então convidei a Tami para postar também a resenha do primeiro volume. Ela gentilmente topou (Muito obrigado, sua diva! 💙) e aqui está a resenha:
Em um futuro não muito distante, o embate entre duas
ideologias deu início a Segunda Guerra Civil, mais conhecida como Guerra de
Heartland. Em tempos em que bebês eram achados facilmente em lixeiras de becos
vazios, abandonados por mães que não os queriam, havia o exército Pró-Vida, que
era contra qualquer coisa que atentasse contra o direito de uma pessoa viver,
dentre eles o aborto, prática tão comum naquela época, e o exército
Pró-Escolha, que, como o nome já diz, era a favor das pessoas poderem escolher
o que queriam fazer com suas vidas e com as vidas de possíveis filhos.
Para tentar dar um fim àquela sangrenta batalha, foi criada
uma lei chamada Lei da Vida, que declarava que nenhuma vida humana poderia ser
tirada desde a gravidez até que a criança completasse treze anos. A partir dos
treze, os pais que quisessem livrar-se de suas crias podiam abortar
retroativamente, que naquela sociedade significava enviar as crianças para a
fragmentação, processo no qual ela seria dividida em vários pedaços, pedaços
estes que seriam vendidos e transplantados em outras pessoas. Só assim o
“aborto” seria permitido, pois acreditava-se que deste modo a criança
continuaria viva, vivendo através de outras pessoas. Só havia um meio de
escapar da fragmentação: o aniversário de dezoito anos, pois a partir dessa
idade a pessoa não podia mais ser fragmentada.
Em Fragmentados
nós conhecemos Connor, Risa e Lev, que farão de tudo para chegar aos dezoito
anos inteiros, se é que vocês me entendem.
Connor é um jovem de dezesseis anos que acaba de descobrir
que seus pais querem enviá-lo para a fragmentação. Ele sabe que não tem o
melhor comportamento do mundo, é explosivo e se mete em algumas brigas, mas a
atitude de seus pais o magoa profundamente, pois como se não bastasse o fato
deles resolverem fragmentá-lo, eles ainda vão embarcar em uma viagem para as
Bahamas um dia após o procedimento, ou seja, Connor não significava nada para
eles.
“Connor fica ali parado por um longo tempo, até o sensor de movimento das luzes se desativar. Ficar sozinho não fazia parte de seus planos, mas ele percebe que já deveria ter entendido. Desde o momento em que seus pais assinaram aqueles papéis, Connor estava sozinho.”
Connor resolve fugir de casa e pega carona com um
caminhoneiro, mas, para sua infelicidade, ele acaba sendo encontrado pelos
Juvis, a polícia que cuida dos jovens fragmentários. Claro que ele não se
entregaria assim tão fácil, então ele sai correndo, desviando dos tranquilizantes
atirados pelos Juvis, e acaba causando um acidente de trânsito. Quando olha
para o lado, Connor vê um menino todo de branco encarando-o com os olhos
assustados, sem pensar muito, Connor pega o menino para fazer dele seu escudo
humano. Esse menino é Lev, que é um dízimo.
Os dízimos são crianças dadas como sacrifício, pois a Bíblia
diz que as pessoas devem dar 10% de tudo aquilo que possuem para Deus. Como Lev
é o décimo filho, é ele o dízimo de sua religiosa família. Agora que completou
treze anos, Lev abraçou seu destino com muito orgulho, pois, ao contrario de
Connor, ele acha a fragmentação uma bênção, crendo que assim ficará mais
próximo de Deus. Quando Connor o tira de dentro do carro que estava levando-o
ao Campo de Colheita, que é como os campos de fragmentação são chamados, Lev
fica enraivecido.
“Foi para isso que eu nasci. Foi para isso que eu vivi. Eu fui escolhido. Sou abençoado. E estou feliz.”
Connor começa a arrastar Lev pela rua, quando, para desviar
dos meninos, um ônibus bate em uma árvore. Ao olharem em direção ao acontecido,
eles veem uma menina sair correndo de dentro do veículo indo em direção a
floresta. Essa menina é Risa, e, aos olhos do Estado, ela não é boa o
suficiente para continuar vivendo
Risa tem quinze anos e vive em uma Casa Estatal, que é como
se fosse um orfanato. Ela toca piano, mas não é excelente naquilo que faz, e as
Casas Estatais só mantém vivos aqueles jovens que demonstram excelência em suas
aptidões. Risa cometeu muitos erros em seu último recital e isso a condenou.
Agora ela será fragmentada, e não há nada que ela possa fazer para evitar isso.
“- Eu vou ser fragmentada?...- Tudo bem ficar assustada. Toda mudança é assustadora.- Mudança? - grita Risa. - Como assim “mudança”? Morrer é um pouquinho mais do que uma “mudança”....- Por favor, senhorita Ward. Não é a morte, e tenho certeza de que todos aqui ficariam mais à vontade se a senhorita não sugerisse algo tão absurdamente exagerado. O fato é que cem por cento da sua pessoa ainda estará vivo, só que em estado dividido.”
Só que quando está a caminho do Campo de Colheita, o ônibus
em que Risa está sofre um acidente ao tentar desviar de dois garotos que estão
no meio da estrada. Com a confusão, Risa sai correndo e se embrenha na
floresta.
É assim que a vida desses três jovens se cruzam. Dois deles
não aceitam de maneira nenhuma a fragmentação, enquanto um deles acha que essa
é a maior honra da sua vida... até que se dá conta do contrário. E em meio a
fugas, traições, intrigas e armadilhas, eles tentarão viver um dia de cada vez
até completarem dezoito anos, pois a partir daí estarão livres desse fim cruel
que é a fragmentação.
•••
Eu comprei Fragmentados
assim que ele foi lançado, lá em 2015. Sempre fiquei adiando a leitura, mas aí
a Novo Conceito lançou a continuação, Desintegrados,
e eu vi a oportunidade perfeita para finalmente ler a história de Neal
Shusterman. E infelizmente o livro não me agradou tanto quanto eu gostaria. Vou
começar as minhas considerações apontando os pontos negativos, que fizeram com
que eu retirasse duas estrelas do livro.
Distopia não é lá um dos meus gêneros preferidos, são poucos
os autores que realmente conseguem criar um cenário distópico convincente, e o
cenário distópico de Neal é cheio de falhas. A maior delas, na minha opinião, é
a própria fragmentação. Você não pode mexer em uma coisa concreta sem ter um
embasamento que justifique aquilo, e aqui nós vemos um procedimento surreal que
não faz sentido algum, é biologicamente impossível a fragmentação ocorrer da
maneira que ocorre. Não vou falar o que é de fato, pois não quero estragar a
experiência de vocês, mas há um capítulo inteiro narrando uma fragmentação e
acho que vocês vão entender meu ponto de vista quando chegarem nele. Vejam bem,
licença poética existe e é bem-vinda, mas quando se trata de ciência a coisa
muda de figura. Não dá para dar uma justificativa qualquer e esperar que o
leitor compre aquilo como verdade absoluta.
Outro ponto que me incomodou foram as personalidades de
Connor e Lev. Connor tem um ar muito sabichão, acha que está acima de tudo e de
todos. Seu comportamento me irritou demasiadamente, e não sentir empatia por um
dos protagonistas não é algo muito legal. Já por Lev senti empatia, mas não
senti verdade. Das três histórias, a dele é a que mais me interessou em um
primeiro momento, mas ele é quem tem menos destaque. De uma hora pra outra ele
sumiu e voltou todo mudado, achando-se o justiceiro, mas o que aconteceu no
meio do caminho pra isso acontecer? Só Deus sabe!
Risa, por sua vez, é uma ótima personagem. Todas as suas
atitudes condiziam com a pessoa que ela era. Muito centrada e inteligente, é
ela a voz da razão entre os três fragmentários fugitivos, para mim o destaque
do livro tinha que ter sido ela.
Dito isto, vamos falar agora da parte boa, pois apesar dos
pesares, Fragmentados não é um livro
ruim. É um livro que possui erros, mas a seu favor há um enredo totalmente
inovador e promissor.
O autor não explorou seu cenário distópico, mas criou novas
nomenclaturas para coisas do nosso
cotidiano, como por exemplo os negros, que
na história de Neal são chamados de Umber. Os brancos, por sua vez, são
chamados de Siena, e os homossexuais são chamados de Yin.
Em Fragmentados
também há uma coisa chamada Cegonha, que nada mais é que uma entrega de bebês.
Mas calma, não é nada disso que você está pensando. A Cegonha é um abandono de
bebês “autorizado” pelo Governo. Se uma pessoa não quer o filho que acabou de
ter ela pode deixá-lo na porta de alguém. A pessoa que recebe o bebê não poderá
renegar a criança, deverá criá-la como se fosse um filho biológico.
O livro é narrado em terceira pessoa e há alternância entre
os personagens. Achei meio estranho, pois esse artifício funciona melhor em
narrativas em primeira pessoa, mas relevei. Outros personagens chave também têm
seus próprios capítulos e eu achei interessante, pois nos dá uma perspectiva
maior.
A edição da Novo Conceito está ótima, não encontrei erros de
revisão. Também gosto bastante da capa, já que ela combina perfeitamente com o
enredo do livro. A história é dividida em seis partes e na sexta há uma guinada
bacana onde temos mais ação, tornando a história mais dinâmica.
Em suma, Fragmentados
possui um enredo muito interessante, mas peca em não desenvolvê-lo mais
profundamente, entretanto, seu desfecho me deu esperança. Agora eu espero que Desintegrados traga mais explicações do
que dúvidas.
Nota:
Fragmentados:
Fragmentados
Desintegrados
Oie
ResponderExcluirO livro parece interessante, mas pelos teus comentários acho que essa leitura não é pra mim. Até curto distopias, mas narração em 3 pessoa eu não gosto ehehhe. Mas valeu a dica, quem sabe um dia né.
Beijinhos
http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br/
Eu também não gosto, Nessa, mas quando o livro é bom eu nem me importo tanto assim.
ExcluirBeijos
Oi, Tami!
ResponderExcluirSe amei te ver por aqui?! hahahahha
No começo, eu queria ler esse livro, mas andei lendo umas resenhas um tanto negativas que vou deixar passar...
Beijos
Balaio de Babados
Promoção Quatro Anos de Minhas Escrituras
Isso, me ame muito! hahahaha
ExcluirOi Tamires! Distopia também não é meu gênero favorito! Mas ao menos o livro tem alguns aspectos positivos rsrsrs De todas as formas a resenha ficou ótima e achei o pedação de dedo sensacional das fotos!
ResponderExcluirBjs, Mi
O que tem na nossa estante
Tem sim, Mi, ele não é ruim por completo, são só esses aspectos que eu mencionei mesmo que poderiam ser melhorados!
ExcluirGostou do meu dedo? hahahah
AMEI o dedo hahahahahahha
ExcluirOi Tami!
ResponderExcluirNo começo eu até senti vontade de ler esse livro (como uma boa amante de distopias), mas depois a perdi, rsrs. Li resenhas não muito animadoras...
Tomara que a continuação te traga uma experiência melhor, né?
Bjs
http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com
Estou torcendo para isso acontecer, Carol! :*
ExcluirOii Tami!
ResponderExcluirDiferente de você, eu amei a história! Eu considerei toda a fragmentação possível por se tratar de uma história fictícia. Se podemos considerar que existem tantas outras bizarrices em diversas histórias, essa foi só mais uma em que eu acreditei e gostei!
Estou completamente ansiosa para Desintegrados. Quero só ver quando a Novo Conceito vai lançar os outros também.
Beijos,
Natália.
www.doprefacioaoepilogo.blogspot.com.br
Eu sou do tipo que não curte bizarrice mal explicada. Realmente é uma ficção e tudo é possível, mas eu gosto de respaldo, gosto que o autor me convença de que aquilo acontece por tal motivo e não simplesmente porque acontece, sabe? ;)
ExcluirOlá, mesmo com suas ressalvas, Fragmentados é um livro que eu quero muito ler! Já imaginou se algo parecido com a fragmentação se tornasse realidade? Ia ser bem assustador. Ótima resenha!
ResponderExcluirpetalasdeliberdade.blogspot.com
Leia sim, Mari! Bota assustador nisso, prefiro um apocalipse zumbi! hahahah
ExcluirEu achei Fragmentados espetacular. Li sem pretensões e acabei me encontrando super envolvida pela história. Amo distopias e fazia tempo que não lia uma tão boa. Acho que esses detalhes que você achou sem profundidade devem ser melhor desenvolvidos nos volumes seguintes. Já tô com a continuação aqui e doida pra ver o que vai acontecer. E concordo com o comentário da Natália ali em cima. Em distopias nós vemos tantas coisas loucas que fragmentar membros do corpo é quase normal hahaha
ResponderExcluirxx Carol
http://caverna-literaria.blogspot.com.br/
hahahahah eu expliquei lá no comentário dela o motivo de a fragmentação não ter me convencido, mas fico contente por você ter gostado e espero que a continuação explique melhor as coisas.
ExcluirOi Tami,
ResponderExcluirAinda não li o livro e confesso que nunca pensei em lê-lo, rs.
Não atraiu minha atenção, sabe? E acho que pela sua resenha não é mesmo para mim.
Ah, queria parabenizar ao Tony pelo livro.
Vi pelo facebook e fiquei muito feliz com a conquista. Você merece Tony!
Beijos
http://estante-da-ale.blogspot.com.br/
O Tony tá todo arrasante de escritor! hahahaha <3
ExcluirObrigado, Ale! <3
ExcluirOlá, Tony e Tamires.
ResponderExcluirEu entendo os pontos negativos que você levantou da história, mas eu particularmente não me importo muito com essa coisa de veracidade nas ficções. Não fico pensando muito nisso não hehe. Por isso gostei bastante do livro e gostei dos personagens. E estou louca para ler o segundo.
Prefácio
Na verdade não é nem questão de veracidade, Sil, e sim questão de explicação, sabe?
Excluir"a fragmentação ocorre assim por causa disso, disso e disso" era só isso que eu precisava! hahahahah
Oiii Tony e Tami
ResponderExcluirQue pena que o livro não correspondeu todas as expectativas. Olha que eu já vi tantos comentários sobre essa história e elogios ao autor, mas não tem jeito, às vezes algumas coisinhas encontradas durante a leitura pegam de um jeito que torna tudo dificil.
Espero que as continuações sejam melhores e que ao final quem sabe a série surpreenda vcs.
Beijos
aliceandthebooks.blogspot.com
Vou ficar aqui torcendo para isso acontecer, Alice!
ExcluirGenteee! parece ser um ótimo livro. Ah, ameii esse marcador *_*
ResponderExcluirhttp://obaucultural.blogspot.com.br/
Não é um marcador não, é apenas um pedaço de dedo mutilado mesmo! ;) hahahah
ExcluirOi, Tamires! Oi, Tony!
ResponderExcluirPela sinopse, o livro parece ser ótimo e muito instigante. Uma pena que a história tenha falhado em alguns aspectos. Espero que o próximo seja melhor.
Beijocas.
http://artesaliteraria.blogspot.com.br
Oi Tony & Tami,
ResponderExcluirGente, eu deixei esse livro para minha prima resenha, fiquei meio arrependida. Achei meio terrorzinho esse plot. Mas comecei a rir imaginando, como seria se essa parte da Cegonha fosse verdade. Tipo do nada deixam um baby na sua porta cheio de regras :O
tenha uma ótima quinta.
Nana - Obsession Valley
Oi, Tony e Tamires.
ResponderExcluirA sua resenha despertou o meu interesse pelo livro.
Essa temática ("aborto" aos treze anos) parece mesmo surreal e o autor aparentemente não criou o ambiente e as explicações mais convincentes.
De todo modo, eu gostei da ideia do livro.
Essas distopias geralmente pecam nas explicações essenciais da origem da situação atual... Infelizmente.
Abraços.
Diego || Diego Morais Viana