Título: O Fazedor de Velhos
Autor: Rodrigo Lacerda
Ano: 2017
Páginas: 152
Editora: Companhia das Letras
Sinopse: Lançado originalmente em 2008, O fazedor de velhos conta a história de Pedro, um garoto inteligente que está às portas da vida adulta. Com o amadurecimento, chegam questões fundamentais: que profissão escolher? Como lidar com os amores frustrados, os amigos deixados pra trás, os sentimentos confusos que teimam em perturbar? Quem guia o garoto em meio a esses dilemas é Nabuco, um professor experiente, excêntrico e misterioso. Insatisfeito com a faculdade de História, Pedro encontra na literatura um destino possível. Mas essa não é uma descoberta simples - e para chegar até ela é preciso trilhar um caminho de perda e sofrimento.  

*Exemplar cedido pela editora 

Em meados de 2009, minha professora de português do ensino fundamental resolveu que as notas do bimestre (não me lembro qual) seriam atribuídas de acordo com a quantidade de livros que a gente pegasse da biblioteca e lesse. A estratégia era para incentivar o nosso hábito de leitura e levar vida a biblioteca do colégio.


Muitos dos meus colegas receberam o desafio com uma certa desanimação. Já eu, que sempre gostara de ler livros, fiquei extremamente empolgado. Tanto é que resolvi propor um desafio para mim mesmo: sair um pouco da minha zona de conforto e ler livros que não fossem infantis (Aos meus 12 anos eu tinha uma certa preguiça de ler "livros sem figuras").

O primeiro livro que se encaixava nessa categoria e eu resolvi ler foi "O Fazedor de Velhos", do Rodrigo Lacerda. Logo me encantei com a história de Pedro e devorei a obra rapidamente. Ali foi minha primeira experiência com um "livro de verdade" e guardei com carinho o título dele para um dia, num futuro distante, lê-lo novamente.

E eis que 8 anos depois a Companhia das Letras relança "O Fazedor de Velhos" com uma nova capa e o disponibiliza para seus parceiros solicitarem. Não pensei duas vezes e logo respondi o e-mail fazendo o pedido. Assim que comecei a leitura me fiz a seguinte pergunta: "Será que o Tony de 20 anos vai sentir o mesmo que o Tony de 12 anos sentiu ao ler o livro?". A resposta para essa pergunta e minhas considerações se encontram nos próximos parágrafos.

"Crescer é, de certa forma, se separar das pessoas amadas." - página 43

É engraçado perceber que algumas coisas nunca mudam. Em 2009 eu estava passando por uma transição. Estava saindo do ensino fundamental e indo pro médio, apaixonado, confuso, sem saber o que esperar do meu futuro... E aqui estou eu, aos 20 anos, terminando meu curso técnico, confuso, sem saber o que esperar do meu futuro... (Só não estou apaixonado pois desisti da minha vida amorosa. Muitas decepções para pouco Tony... )

Por mais que eu esteja mais velho, há ainda em mim um poço de insegurança, medo e confusão. E ler novamente o livro de Rodrigo Lacerda me ajudou a pôr as ideias no lugar. A me encontrar. Assim como em 2009, após ler as 148 páginas da obra, me senti mudado. Mais maduro. É como se estivéssemos fazendo a jornada junto com o Pedro. Assim como o protagonista vamos percebendo que muita coisa nessa vida é passageira e que o tempo sempre traz respostas e novos caminhos a percorrer. Também aprendemos a ter paciência e não entrar em desespero, pois uma hora tudo se clareia. As portas se abrem, as pessoas aparecem, e nossas vocações também.

"Quem aceita frustração, espera, quem espera, pensa. Quem pensa, sente. Quem sente, vive o tempo, e sabe que ele está passando. Portanto, fica mais velho." - página 108

Se até ontem eu me encontrava na indecisão sobre qual carreira seguir (Técnico de manutenção e suporte em informática, jornalista ou escritor?), quais pessoas manter em minha vida e quais amores dar uma chance, hoje tenho a certeza de que as respostas vão aparecer uma hora ou outra, num piscar de olhos. Mas enquanto elas não chegam eu vou tentando e experimentando um pouco de cada coisa, até me encontrar como profissional e homem. Claro que se aparecesse um Nabuco (personagem que ajuda o protagonista a se encontrar e acaba virando um pai para ele) em minha vida as coisas seriam mais fáceis, mas paciência. Por mais que precisemos de ajuda, muitas das respostas que procuramos só serão dadas por nós mesmos.

"A vida, por um momento, me pareceu igual a uma teia, cujos fios são ao mesmo tempo indestrutíveis e absolutamente delicados." - página 113

Tendo feito a leitura de "O Fazedor de Velhos" pela segunda vez e percebido que ele ainda tinha muito a me dizer e a acrescentar em minha vida, chego a conclusão que o livro é um daqueles que devemos levar para a vida toda. Um romance de formação que deveria ser leitura obrigatória para vários jovens adultos que se encontram perdidos nesse mundão sem sentido em que vivemos. 



Nota:




24 Comentários

  1. Eu adoro essa sensação de reler um livro e ver que a maioria das nossas considerações continuam as mesmas, mas que mesmo assim, algo novo é despertado na gente!
    Faz tempo que eu quero reler algo que eu li na infância/adolescência, e sua resenha me deixou ainda mais animada! Adorei!
    E não desista da vida amorosa! Ela bate na gente, mas de vez em quando resolve fazer um carinho... Kkkkkkkkkkk

    Beijocas
    Fabi Carvalhais
    pausaparapitacos.blogspot.com.br

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    1. Oi, Fabi! Também adoro isso. Olha, tá difícil, viu? kkkkk Já tô pra desistir rs

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  2. Oi, Tony!
    Nossa, nem um pouco de pressão essa nota hein?
    Eu já reli alguns livros nessa vida e realmente nunca temos a mesma sensação.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Sorteio Três Anos de A Colecionadora de Histórias

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  3. Olá, Tony.
    Eu e a Olivia estávamos conversando sobre reler livros que lemos na infância para ver qual era a sensação hehe. Eu não conhecia esse livro ainda, mas gostei de saber que ele é um livro para a vida toda. Eu nunca li livros com figuras, comecei a ler com Agatha Christie e as doze anos já tinha lido quase tudo dela e vários do Stephen King hehe.

    Prefácio

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    1. Oi, Sil! Caramba! Começar com Agatha Christie é para poucos, viu?

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  4. Que resenha maravilhosa, Tony! De verdade, fiquei até emocionada porque hoje mesmo eu me vi com 22 anos e ainda insegura e com muitas incertezas sobre o futuro. Os anos passam, nós até amadurecemos, mas para nós mesmos, nunca parece o suficiente né? Ainda recordamos do que éramos, e do quão pouco internamente mudamos. Fiquei curiosa com a obra, já que teve o poder de te ajudar tanto antes quanto agora!

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br

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    1. Poxa, Carol! Muito obrigado! <3 Fico mega feliz em saber que você curtiu tanto a minha resenha. Exatamente, é bem assim mesmo. E se possível, leia o livro também. Talvez ele te ajude.

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  5. Oi Tony,
    Adoro livros que retratam a realidade, nos ajudam a ver que não somos os únicos no mundo a ter esses problemas ao crescer.
    Uma ótima resenha!
    beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com.br/

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    1. Oi, Ale! Sim, também gosto deles por causa disso. Obrigado.

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  6. Oi Tony! Nao se preocupa não, eu tenho 33 anos e ainda não sei nada do meu futuro hahahahahahaha talvez a gente nunca saiba. O bom de reler livros em épocas diferentes é poder agregar mais a leitura, tem muitos livros que ainda quero ler de novo por conta disso. Eu não conhecia O fazedor de velhos, mas gostei bastante da indicação.

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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    1. Oi, Mi! KKKKK ok, vou tentar não pirar com isso rs Que bom que gostou da indicação! :)

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  7. Que linda história, Tony! Na minha escola do ensino fundamental também tinha um projeto parecido, tínhamos até uma pastinha onde colocávamos resuminhos dos livros, eu adorava.
    Agora, depois de ler a sua resenha, fiquei com vontade de conferir essa história. Acho que ter dúvidas é super normal, eu ainda as tenho... as respostas chegam mais cedo ou mais tarde mesmo.
    Adorei a resenha!

    Beijos
    - Tami
    http://www.meuepilogo.com

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    1. Oi, Tami! Eu também adorei esse "projeto"! Foi uma experiência bem legal. Espero que você leia o livro e goste dele tanto quanto eu gostei.

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  8. Olá, eu ainda não conhecia esse livro, mas é tão encantador quando obras assim nos tocam em diferentes fases da vida, né? Gostei muito de saber um pouco da sua experiência com a releitura de O fazedor de velhos!

    petalasdeliberdade.blogspot.com

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  9. Oi, Tony ! Tudo bem?
    Cara, que resenha singular *-* tu tocou em um assunto bem bacana, a dificuldade das crianças transitarem dos livros infantis para aqueles sem figuras.. Eu já estou há um bom tempo tentando ajudar minha priminha nisso, mas sem resultados. :(
    Enfim, parece ser um ótimo livro e amei os quotes..
    Abraço! Sorvete Literário

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    1. Oi, Larissa! Tudo sim e contigo? Ah, obrigado. E espera ela, tá? No tempo certo ela vai querer ler livros sem figuras.

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  10. Oi Tony! Que experiência maravilhosa! Gostaria que tivessem me incentivado mais a leitura na infância. Me encantei com a história. Parece uma leitura rápida. Amei a dica! Vou procurar com certeza.
    Adorei a forma como escreve. Me senti conversando contigo.
    Um beijo
    Resenhando por Marina

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    1. Oi, Marina! Procure mesmo. E fico bastante feliz em saber que você gostou do jeito que escrevo! :)

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  11. Oi, Tony.
    Alguns livros tem essa qualidade de nos fazer pensar, refletir e agir mesmo quando lidos em épocas bem diferentes.
    Gostei bastante da temática da obra e acho também que esse tipo de leitura deveria ser obrigatória nas escolas.
    Grande resenha.
    Abraços.
    Diego || Diego Morais Viana

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    1. Oi, Diego! Livros assim são os melhores, né? :) Obrigado!

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  12. Tony do céu!

    Que resenha perfeita! Fala sério! Fiquei bem animado com essa resenha. Existem livros que conseguem tocar nosso coração, ainda mais lidos em fases diferentes, fazem com que a gente pare, pense diferente, talvez reveja conceitos.
    Parabéns pela resenha, e pela reflexão.
    Aliás, gosto tanto do blog que toda vez que vejo que tem resenha nova, esboço um sorriso todos-os-dentes, tamanha a felicidade. Esse blog é show!
    Um abraço, Dieison Engroff, do RS.

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    1. Oi, Dieison! Sem palavras aqui. Muito obrigado pelo carinho! É muito reconfortante receber comentários assim como o seu. Obrigado mesmo. E tem resenha nova aqui no blog, viu?

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